Queimadura elétrica

Queimadura elétrica por baixa voltagem (menor que 1.000 volts)

Requer avaliação por eletrocardiograma (ECG) no atendimento inicial. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2018; YASTI, 2015). Apresenta lesões de entrada e saída (Figura 14).

Indicações de monitorização cardíaca nas primeiras horas

Alteração no ECG no atendimento inicial.
Perda de consciência no momento do acidente
Dor precordial náusea e vômitos. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2018).

Figura 14: Queimadura elétrica por baixa voltagem com lesão de entrada da corrente elétrica nos dedos das mãos e lesões de saída da corrente elétrica nos dedos dos pés.

Fonte: Ghorbel et al.  ( 2019)

Queimadura elétrica por alta voltagem (maior que 1.000 volts)

Requer monitorização cardíaca e medições seriadas de enzimas como creatinofosfoquinase (CPK) e creatinofosfoquinase fração MB (CKMB) por 24 horas, controle de alterações hidroeletrolíticas e prevenção e controle da mioglobinúria.(CHILE, 2016).Apresenta SCQ mais extensa, não sendo possível identificar locais de entrada e de saída da corrente elétrica (Figura 15).

Figura 15: Queimadura elétrica por alta voltagem em tronco e membros superiores

Fonte: Bellio; Santos; Corrêa (2018, p.192)

Mioglobinúria

Presença de mioglobina na urina por destruição musculoesquelética, que pode induzir à insuficiência renal aguda (IRA), umas das principais complicações nesses casos, diretamente relacionada à piora do prognóstico. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2018; TEXAS EMS TRAUMA & ACUTE CARE FOUNDATION TRAUMA DIVISION, 2016).

Prevenção e controle

realização de fasciotomias em até 6 horas após o evento;

administração de Ringer Lactato para manter débito urinário de 1 ml/kg/h. Para pacientes que não respondam à administração de fluidos, recomenda-se associar manitol 25%. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2018; YASTI, 2015);

Nesses casos, os pacientes devem ser transferidos a um centro de referência. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2018).

Principais Cuidados de Enfermagem Sugeridos

Investigar história de perda de consciência no momento do acidente e a presença de dor precordial, náusea e vômitos.

Instalar e observar a monitorização cardíaca.

Monitorar a adequação da reposição volêmica pelo volume e aspecto da diurese.

Observar extremidades, atentando para a evolução da perfusão e sinais de síndrome compartimental (aumento do edema, tensão à palpação, diminuição ou ausência de pulsos, piora importante da dor, parestesia, paralisia).

Acompanhar exames laboratoriais, atentando para alterações hidroeletrolíticas (principalmente potássio o cálcio).

Referências

BELLIO, Huguette Renee Schwab; SANTOS, Fernanda Silva dos; CORRÊA, Cristina Rodrigues. Suplemento Fotográfico. In: BELLIO, Huguette Renee Schwab; SANTOS, Fernanda Silva dos; CORRÊA, Cristina Rodrigues (org.). Cuidados de Enfermagem ao Paciente Queimado. Porto Alegre: Moriá, 2018. p. 185–200.

CHILE, Ministerio de Salud. Guías clínicas AUGE: gran quemado. Guías clínicas AUGE: gran quemado, [Santiago], p. 109–109, 2016.

GHORBEL, Iyadh. The Specificities of Electrical Burn Healing. In: MOALLA, Slim (org.). Scars. Tradução Amir Karra. Rijeka: IntechOpen, 2019. p. Ch. 3. E-book. Disponível em: doi.org. Acesso em: 5 ago. 2020.

ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE. ISBI Practice Guidelines for Burn Care, Part 2. Burns: Journal of the International Society for Burn Injuries, [Floresville], v. 44, n. 7, p. 1617–1706, 2018. Disponível em: doi.org

TEXAS EMS TRAUMA & ACUTE CARE FOUNDATION TRAUMA DIVISION. Burn Clinical Practice Guideline. Austin: [s. n.], 2016. E-book. Disponível em: tetaf.org. Acesso em: 14 jan. 2020.

YASTI, Ahmet Cınar et al. Guideline and Treatment Algorithm for Burn Injuries. Turkish Journal of Trauma and Emergency Surgery, [Istambul], 2015. Disponível em: doi.org. Acesso em: 9 maio. 2020.