Reabilitação

A reabilitação do grande queimado consiste em processo contínuo, iniciado desde que esse chega ao serviço de saúde, podendo ser dividida em três fases: inicial, intermediária e de longo prazo.

Fase inicial: compreende desde a chegada do paciente no serviço de saúde até o início da cobertura das queimaduras com enxertos ou da cobertura de pelo menos metade da SCQ(CHILE, 2016).

Ainda nas primeiras 24 a 48 horas, o paciente deve passar por uma avaliação com um fisioterapeuta, contemplando aspectos como função respiratória, necessidades de posicionamento e avaliação articular e funcional. (CHILE, 2016).

O enfermeiro deverá atuar inserido em equipe multiprofissional na avaliação do padrão ventilatório, assegurando ventilação segura e promovendo posicionamento, além de atuar para promover a mobilização precoce, quando indicada.

A partir daí, a fase intermediária compreende até a cobertura de toda a SCQ. Desse ponto, ou a partir da alta hospitalar, a fase de longo prazo se estende até que o paciente tenha recebido cuidados máximos de reabilitação, incluindo cirurgias reconstrutivas. (CHILE, 2016).

O posicionamento deve iniciar assim que possível, tendo como propósitos a diminuição do edema, a manutenção da amplitude articular, a proteção de pontos de apoio em áreas queimadas e de risco e a prevenção de contraturas e retrações. (CHILE, 2016; YOUNG et al., 2017).

Para a manutenção de posição funcional ou antirretração, podem ser utilizados materiais diversos, como travesseiros, rolos de esponja, arcos, placas de gesso ou termoplástico, ataduras de poliuretano e faixas elásticas, se disponíveis, mantendo posição funcional (Figuras 21). (CHILE, 2016; YOUNG et al., 2017).

Figura 21: Princípios gerais do posicionamento do paciente queimado.

Fonte: Adaptado de NSW Agency for Clinical Innovation ( 2017, p.9)

A mobilização e deambulação devem iniciar assim que possível, independente da extensão da queimadura. (CHILE, 2016; ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2018; YOUNG et al., 2017).

Enquanto a deambulação preserva a funcionalidade dos membros inferiores e diminui o risco de trombose venosa profunda (TVP), a mobilização nesta etapa tem como objetivos reduzir os efeitos do edema e da imobilização, melhorar ou manter a amplitude articular, prevenir ou minimizar a atrofia muscular, diminuir o risco de tromboembolismo, preservar a coordenação motora e promover independência funcional, podendo, ainda, melhorar a função respiratória e aumentar os volumes pulmonares e a higiene brônquica, estando associada à redução do tempo de ventilação mecânica e de permanência na UTI. (CHILE, 2016).

Pacientes com queimadura nos membros inferiores, principalmente nas pernas, podem ter dificuldades ao ficar em pé devido à dor ocasionada pelo aumento do fluxo sanguíneo, podendo necessitar várias tentativas até que consigam deambular. (YOUNG et al., 2017).

Principais Cuidados de Enfermagem Sugeridos

Avaliar do padrão ventilatório e promover ventilação segura.

Manter extremidades elevadas para diminuir edema.

Posicionar extremidades com articulações de forma funcional.

Promover deambulação e mobilização precoce assim que o paciente esteja hemodinamicamente estável.

Referências

CHILE, Ministerio de Salud. Guías clínicas AUGE: gran quemado. Guías clínicas AUGE: gran quemado, [Santiago], p. 109–109, 2016.

 ISBI Practice Guidelines for Burn Care, Part 2. Burns: Journal of the International Society for Burn Injuries, [Floresville], v. 44, n. 7, p. 1617–1706, 2018. Disponível em: doi.org

NSW AGENCY FOR CLINICAL INNOVATION. Burn Physiotherapy and Occupational Therapy Guidelines. [Sydney.], 2017.Disponível em: www.aci.health.nsw.gov.au. Acesso em:  28 ago. 2020.

YOUNG, Alan W. et al. Guideline for Burn Care Under Austere Conditions: Special Care Topics. Journal of Burn Care & Research, [Galveston], v. 38, n. 2, p. e497–e509, 2017. Disponível em: doi.org