Suporte nutricional

A resposta metabólica à queimadura é caracterizada por hipercatabolismo, com aumento do consumo proteico e perda de peso. Essa resposta é diretamente proporcional à extensão da queimadura, sendo notável com SCQ acima de 30% e maximizada com SCQ a partir de 40%. O suporte nutricional é recomendado na fase aguda, sendo preconizadas as vias oral e enteral. (CHILE, 2016; ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2016; PINHO et al., 2016).

Em pacientes grandes queimados, a ingesta proteico-calórica por via oral muitas vezes é insuficiente em relação à demanda metabólica.

A demora em instituir a nutrição enteral pode resultar em agravo da imunossupressão, retardo no processo cicatricial e até morte. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2016).

A indicação para nutrição enteral pode variar de 20 a 40% de SCQ, de acordo com a disponibilidade de recursos locais, conforme ilustra a Figura 19. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2016, 2018; YASTI, 2015; YOUNG et al., 2017).

Para início da nutrição via oral e enteral o paciente deve estar hemodinamicamente estável, com reposição volêmica adequada e com motilidade gastrintestinal preservada, a fim de evitar necrose intestinal e broncoaspiração. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2016; YASTI, 2015)

Figura 19: Indicação de nutrição enteral de acordo com recursos locais disponíveis.

Adaptado de ISBI Practice Guidelines Committee (2016;2018); Yasti, (2015); YOUNG et al. (2017).

Quanto à forma de administração, preconiza-se que seja iniciada em pequenos volumes (10 ml/h), progredindo conforme a tolerância do paciente e mantida de forma contínua em bomba de infusão. (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2018; PINHO et al., 2016; YASTI, 2015).

O enfermeiro deve conhecer as recomendações quanto ao suporte nutricional, atuando colaborativamente com a equipe multiprofissional a fim de garantir que o paciente receba o aporte necessário (EUROPEAN BURN ASSOCIATION, 2017).

Principais Cuidados de Enfermagem Sugeridos

Iniciar nutrição enteral assim que o paciente esteja hemodinamicamente estável e sem sinais de gastroparesia (para SCQ maior que 30%).

Promover a progressão da infusão conforme tolerância.

Observar aceitação e tolerância de dieta via oral nos pacientes que mantêm via oral exclusiva.

Referências

CHILE, Ministerio de Salud. Guías clínicas AUGE: gran quemado. Guías clínicas AUGE: gran quemado, [Santiago], p. 109–109, 2016.

EUROPEAN BURN ASSOCIATION (org.). European practice guidelines for burn care: Minimum level of burn care provision in Europe. [Barcelona]: European Burns Association, 2017. Disponível em: doi.org. Acesso em: 9 jun. 2020.

ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE. ISBI Practice Guidelines for Burn Care. Burns: Journal of the International Society for Burn Injuries, [Floresville], v. 42, n. 5, p. 953–1021, 2016. Disponível em: doi.org

ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE. ISBI Practice Guidelines for Burn Care, Part 2. Burns: Journal of the International Society for Burn Injuries, [Floresville], v. 44, n. 7, p. 1617–1706, 2018. Disponível em: doi.org

PINHO, Fabiana Minati de et al. Guideline das ações no cuidado de enfermagem ao paciente adulto queimado. Rev. bras. queimaduras, [Goiânia], p. 13–23, 2016 a.

YASTI, Ahmet Cınar et al. Guideline and Treatment Algorithm for Burn Injuries. Turkish Journal of Trauma and Emergency Surgery, [Istambul], 2015. Disponível em: doi.org. Acesso em: 9 maio. 2020.

YOUNG, Alan W. et al. Guideline for Burn Care Under Austere Conditions: Special Care Topics. Journal of Burn Care & Research, [Galveston], v. 38, n. 2, p. e497–e509, 2017. Disponível em: doi.org