Vias Aéreas e Lesão Inalatória

A lesão inalatória pode ocorrer por mecanismos diversos (Figura 6). Representa ameaça imediata à vida, portanto a avaliação da via aérea (VA) e respiração constitui o primeiro passo na avaliação do paciente vítima de trauma.

Figura 6: Mecanismos de lesão inalatória

Elaborado pela autora

Sinais de Lesão Inalatória
história de exposição à chama ou fumaça em ambiente fechado;
queimadura na face;
fuligem na cavidade oral;
escarro carbonáceo;
sibilos;
dispnéia

A evolução do edema e do padrão respiratório deve ser observada continuamente (Figura 7). Recomenda-se manter a cabeceira elevada para favorecer o retorno venoso e circulação linfática, reduzindo o edema.

Figura 7: Edema facial por queimadura.

Fonte: Victoria Adult Burns Service (2020)

Indicações de Intubação

Rouquidão e estridor – sinais sugestivos de obstrução iminente-
Considerar em pacientes com queimadura envolvendo toda a face associada a queimadura profunda e circunferencial no pescoço, sintomas de obstrução de via aérea ou SCQ a partir de 40%.

Presença de fuligem ou queimadura de pelos faciais isolada não é indicativa de intubação imediata.

Intoxicação por monóxido de carbono

O monóxido de carbono (CO) tem alta afinidade com a hemoglobina, até 200 vezes maior que a do oxigênio. Assim, ao competir com o oxigênio para ligação com a hemoglobina forma a carboxihemoglobina (COHb), resultando em hipóxia.

Suspeita de intoxicação por CO

história de exposição à chama ou fumaça em ambiente fechado e diminuição do nível de consciência (necessário descartar o uso de álcool e outras drogas ou condições prévias)

Outros sinais indicativos

Cefaléia, náusea, tontura

A COHb tem meia-vida de 4 horas com respiração em ar-ambiente, valor que reduz para 40 a 60 minutos sob administração de oxigênio suplementar. Nesses casos, o tratamento será a administração de oxigênio suplementar em alto fluxo, de 8 a 15 L/min, por máscara sem reinalação por pelo menos seis horas ou mais se persistirem os sintomas. (CHILE, 2016; ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2016).

Principais Cuidados de Enfermagem Sugeridos

Avaliar risco de obstrução de via aérea e evolução do edema.
Avaliar padrão respiratório.
Manter cabeceira elevada.
Atentar para sinais de intoxicação por monóxido de carbono (CO) em pacientes com história de exposição à chama ou fumaça em ambiente fechado (cefaleia, náusea, confusão ou diminuição do nível de consciência).
Fornecer oxigênio suplementar em alto fluxo.
Auxiliar intubação orotraqueal se indicada.

Referências

CHILE, Ministerio de Salud. Guías clínicas AUGE: gran quemado. Guías clínicas AUGE: gran quemado, [Santiago], p. 109–109, 2016.

ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE. ISBI Practice Guidelines for Burn Care. Burns: Journal of the International Society for Burn Injuries, [Floresville], v. 42, n. 5, p. 953–1021, 2016. Disponível em: doi.org

KEARNS, Randy D. et al. Guidelines for Burn Care Under Austere Conditions: Introduction to Burn Disaster, Airway and Ventilator Management, and Fluid Resuscitation. Journal of Burn Care & Research, [Galveston], 2016. 5, p. e-427-39.

PINHO, Fabiana Minati de et al. Guideline das ações no cuidado de enfermagem ao paciente adulto queimado. Rev. bras. queimaduras, [Goiânia], p. 13–23, 2016 a.

VICTORIA ADULT BURNS SERVICE. Airway. [s. l.], [s. d.]. Disponível em: www.vicburns.org.au. Acesso em: 14 jul. 2020.

YASTI, Ahmet Cınar et al. Guideline and Treatment Algorithm for Burn Injuries. Turkish Journal of Trauma and Emergency Surgery, [Istambul], 2015. Disponível em: doi.org. Acesso em: 9 maio. 2020.